COMPORTAMENTO
D
e fato, existem hoje muitos “enten-
didos” que recomendam:
“Não faça
agora o que você pode deixar para
depois!”
. Pois é, as pessoas que resolvem
qualquer problema ou pendência quase que
instantaneamente ou em pouco tempo – os
precrastinadores, com
“e”
– até são bem vis-
tos no mercado, entretanto, muitos especia-
listas alertam que esse comportamento ou
atitude pode levar a
perda de qualidade
,
inca-
pacidade
ou
falhas de priorização
e inclusive
o desenvolvimento de
estresse
na equipe.
E-mails
respondidos imediatamente, docu-
mentos entregues no mesmo dia, propostas
enviadas urgentemente e relatórios preenchi-
dos assim que for solicitado, caracterizam as
ações dos profissionais precrastinadores, ou
seja,
aqueles que entregam o que lhes é
pedido até antes do prazo
!!!
Isso pode até
impressionar os chefes e os clientes, mas
velocidade não necessariamente significa
maior produtividade!
O pesquisador norte-americano Piers
Steel, um especialista nas áreas de motiva-
ção e procrastinação, em seu livro
A Equa-
ção de Deixar para Depois
, explica claramen-
te os três fatores principais para “deixar
para depois”: “Os três elementos principais
que levam as pessoas a
procrastinar
são:
falta de autoconfiança em sua capacidade
para completar a tarefa; achar que o que se
tem para fazer é chato ou desagradável e
ser um profissional muito impulsivo.
Ou seja, tendemos a adiar as coisas e
nos falta motivação quando odiamos fazer
a tarefa ou temos insensibilidade a atraso.
Procrastinar faz parte da mistura que
estrutura nosso cérebro. Nele, o lugar da
razão e do planejamento é o córtex pré-fron-
tal, que é ativado quando pensamos sobre
o que devemos fazer amanhã, por exemplo.
Já as emoções e os desejos ficam no
sistema límbico. Essas duas áreas do cére-
bro sempre se entendem. Dessa maneira,
sabemos que devemos ir ao dentista, mas
ao pensar em estar sob a broca, nós so-
mos motivados a adiar. Isso acontece para
outros objetivos também, como dieta ou es-
tudo.”
O termo
precrastinador
, em oposição
a
procrastinador,
foi criado por um grupo
de pesquisadores da Universidade Estadual
da Pensilvânia, do Estados Unidos da Amé-
rica (EUA), liderados por David Rosembaum,
um especialista em psicologia. Num estudo
que publicaram em julho de 2014 na revista
científica
Psychological Science,
esses es-
tudiosos salientaram que a precrastinação
pode parecer um sinal de engajamento ou
eficiência, mas isso pode ter suas desvan-
tagens como, por exemplo, o excesso de
velocidade que pode levar ao sacrifício da
reflexão, isto é, não dar tempo para o ama-
durecimento das ideias e para desenvolver
um pensamento crítico sobre qual é o me-
lhor processo a ser adotado para resolver
determinado problema.
Inclusive a procrastinação deve (ou
pode) ocorrer quando se está frente a tra-
balhos complexos que exigem um tempo
maior para reflexão, decisões importantes
que implicam em consultar outros colegas
para não se arrepender depois ou querer
desenvolver algo criativo (novo) quando ge-
ralmente nem se sabe quanto tempo isso
vai levar para acontecer...
VOCÊ QUER
PROCRASTINAR
SEMDANOS?
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A