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Ruy Ohtake comentou: Para fazer qual-

quer obra é necessário sempre elaborar

uma boa pesquisa. Por exemplo, quando

se trata de um hotel, é vital pesquisar al-

guns dos mais bem qualificados e aí fazer

alguma coisa que não exista neles que seja

útil, que magnetize o local onde estiverem

instaladas.

Foi o que busquei fazer no hotel Renais-

sance em São Paulo, o seu térreo possui

quatro pavimentos, cada um com vista e

entrada para a rua. Assim, isso só foi pos-

sível pelo fato de o prédio estar entre as

alamedas Santos e Itú, e na descida da rua

Haddock Lobo.

Uma coisa que falta em muitos prédios

do Brasil é cor, algo que, aliás, é muito

importante para mim. O Brasil sempre foi

um País de um colorido muito forte, em

cidades históricas como Paraty, Ouro Pre-

to e Olinda. Assim, acho que devíamos ter

muita cor na cidade, então procurei colocar

nas minhas obras muitas cores. O proje-

to do hotel Renaissance, em vermelho, se

destaca de muitos prédios da região. Ele

o único com cor, o resto é todo cinzento.

A cor aparece em um dos projetos iniciais

da minha carreira, quando desenhei a casa

para minha mãe, Tomie Ohtake, em 1966.

O colorido também foi a parte funda-

mental da arquitetura social que fiz na co-

munidade de Heliópolis, cujos prédios são

redondos, democráticos, com ventilação

para todos. Um passo importante do pro-

jeto, foi a escolha da cor para a pintura das

casas em três vielas. Metade das cores foi

escolhida por seus moradores e a outra

metade por mim. A cor ajuda a obra a vi-

brar, ela tem que exalar vitalidade. Outra

coisa que privilegiei em minhas obras fo-

ram as curvas. A diferença entre olhar uma

reta e uma curva é o meu segredo. Porém

é um segredo importantíssimo para a sen-

sibilidade da gente.”

O curador da exposição,

A Produção do

Espaço

, Agnaldo Farias, disse: “Essa mostra

exibe a mistura dos elementos social e es-

tético no pensamento de Ruy Ohtake, que

torna a sua obra bem particular e especial,

seja qual for o tipo de construção.

O pensamento espacial de Ruy Ohtake,

traduz-se em sua arquitetura singular,

numa produção que encarou as dificulda-

des do País e que lutou para melhorá-lo, não somente por

meio de respostas técnicas, mas também pela beleza que

alivia os olhos e alimenta a imaginação de quem a obser-

va!!!”

Já as 25 peças (estantes, mesas, pias etc.) para a ex-

posição

O Design da Forma

, foram escolhidas por Fábio

Magalhães, Marília Brandão e Priscyla Gomes. A curadora

da mostra, Priscyla Gomes, explicou: “Embora bastante re-

conhecido pela suntuosidade e ousadia de suas curvas, o

arquiteto sempre buscou na produção de suas peças defi-

nir formas, extrapolar sua concepção geométrica e propi-

ciar alguma surpresa ao revelar a natureza mais específica

de cada superfície e do material usado.”

Aos 81 anos e uma carreira de quase 60, Ruy Ohtake,

ficou muito feliz com a dupla homenagem realizada por

meio dessas mostras, e declarou:

“Ambas, agora levadas ao conhecimento da público, de-

vem provocar algumas discussões e até críticas. A vanguar-

da é sempre polêmica. Mas quem tem medo de polêmica

não pode ser vanguardista. Essa vanguarda está bem ma-

terializada no uso da contemporaneidade brasileira, tendo

começado, a meu ver, com Oscar Niemeyer, fazendo os vá-

rios projetos da Pampulha, em Belo Horizonte.

O golpe militar ocorrido na década de 1960 prejudicou

um pouco nossa arquitetura, no sentido do avanço de nos-

sa criatividade. Os militares até fizeram grandes obras ar-

quitetônicas no País, mas não se interessarammuito com a

parte criativa, em especial no que se refere à cor, que ficou

faltando no Brasil naquela época!!!”

Vista geral da exposição

O Design da Forma

.

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