TECNOLOGIA
U
ma colheitadeira automatizada que
opera nas plantações de morango, em
Oxnard, no Estado da Califórnia (EUA)
é um exemplo extraordinário de uma solução
emergente para um dos problemas do setor
que lida com o plantio e colheita de frutas,
legumes e hortaliças dos EUA:
a escassez
de mão de obra!
Pois é, com o uso de computação de alta
capacidade de processamento, o robô
Agro-
bot
, com 16 braços, diferencia os morangos
maduros dos verdes e assim consegue co-
lher suavemente os maduros, ignorando os
verdes, colocando-os em cestos de metal.
Tal tarefa exigiu sempre o treinamento e o
trabalho árduo de milhares de trabalhadores
com salários relativamente baixos.
Mas os avanços tecnológicos estão pos-
sibilitando que robôs se encarreguem do ser-
viço, justamente quando a
disponibilidade
cada
vez menor dessa
mão de obra vem tor-
nando as máquinas mais atraentes do ponto
de vista financeiro.
Juan Bravo, inventor da colheitadeira
Agrobot
comentou: “O problema já não é
mais sobre quanto custa um trabalhador es-
pecializado em colheita de frutas.
A questão agora é quanto custa deixar
um campo sem colher, e isso é muito mais
caro.
A
Agrobot
custa no momento de US$ 100
mil mas já está em desenvolvimento um pro-
tótipo bem maior e mais barato.”
O fato é que nos EUA, outros aparelhos
similares ao
Agrobot
estão começando a as-
sumir tarefas delicadas em partes diferentes
do setor de vegetais, do plantio de mudas à
colheita de alface e transplantes de rosas.
Aliás, produtores de milho e outras
com-
modities
agrícolas há décadas substituíram
seus trabalhadores por colheitadeiras gigan-
tes e outras máquinas que podem rapidamen-
te cortar e recolher os grãos usados na produ-
ção de ração animal, alimentos e etanol.
Entretanto, produtores de outros vegetais
e plantas têm continuado com a colheita ma-
nual — em parte para evitar que máquinas
desengonçadas machuquem os produtos vis-
tosos que os consumidores veem nas lojas.
Não se pode esquecer que nos EUA ain-
da existe uma oferta enorme de trabalhado-
res, principalmente do México, dispostos a
plantar e colher por um salário relativamente
baixo, o que de certa forma tem retardado a
necessidade premente de mecanização.
Porém, o número de imigrantes não au-
torizados na força de trabalho dos EUA tem
caído desde o pico de 2007, de acordo com
o centro de estudos Pew Research Center,
em parte por causa do aumento de oportu-
nidades de trabalho no México, assim como
devido ao patrulhamento mais intenso da
fronteira norte-americana.
Mas a escassez de trabalhadores já é um
fato concreto e a única forma de elevar a pro-
dutividade é aumentando o uso da tecnologia.
É por isso que a Reiter Affiliated Compa-
nies, a maior produtora de morangos da Dris-
coll Strawberry Associates, a maior distribui-
dora de morangos dos EUA, está ajudando a
financiar o desenvolvimento da colheitadeira
Agrobot, inventada por Juan Bravo.
Realmente os robôs ainda têm limitações,
pois precisam de manutenção e reparos.
Alguns defensores dos trabalhadores ru-
rais já estão temendo muito que a crescente
mecanização acabe eliminando empregos
que ainda são necessários.
E outros temem que ela dará vantagem
adicional aos produtores com mais condi-
ções de investir nas novidades.
Ilan Brat, escreveu no
The Wall Street
Journal
o artigo
Robôs são a solução para a
escassez de mão de obra em colheita de hor-
tifrútis
(publicado no jornal
Valor Econômico
em 24/4/2015) no qual salientou:
“Os que apoiam a tecnologia dizem que
a mecanização cada vez maior da produção
de frutas e vegetais frescos poderia impul-
sionar a produtividade, ajudando a limitar um
aumento nos preços.
Ela também pode auxiliar os produtores
do Estado da Califórnia, prejudicados por
uma seca que já dura anos, a produzir mais,
compensando o aumento dos custos.
Um dos maiores produtores de vegetais
dos EUA, a Tanimura & Antle Fresh Foods,
comprou em 2014 uma
start-up
espanho-
O TRABALHO INCRÍVEL E
PERFEITO DOS
ROBÔS NA
COLHEITA
DE FRUTAS, LEGUMES
E HORTALIÇAS!!!
la chamada Plant Tape, que desenvolveu
uma máquina que transplanta mudas de ve-
getais da estufa para o campo usando tiras
de
material biodegradável
acoplados a uma
plantadeira.
Essa máquina pode mover-se cerca de
10 km/h e nos seus primeiros testes comer-
ciais, eliminou pelo menos 10% a 15% do
total de horas de trabalho na produção de
alface romana e salsão.
A Tanimura & Antle está acelerando o pro-
cesso de instalação de máquinas da Plant
Tape nas suas fazendas e substituindo com
elas as equipes constituídas por diversos
trabalhadores.
Becky Drumright, diretora de
marketing
da Altman Specialty Plants, um dos maiores
viveiros de plantas dos EUA, explicou: ‘Nos
últimos dois anos a empresa passou a usar
robôs para passar mais de 1,2 milhão de
rosas e outras plantas em vasos para uma
nova fileira conforme elas crescem. As má-
quinas autodirigidas que custam US$ 25 mil
ocasionalmente atolam na lama, mas libera-
ram oito trabalhadores para outras tarefas
e acabaram recuperando o investimento em
18 meses.
Aliás, elas fazem o trabalho que as pes-
soas menos gostam de fazer na nossa com-
panhia.
Usando as máquinas não há nenhuma re-
clamação, e os robôs não têm compensações
trabalhistas e não param para descansar.’”
Pois é, se essa tendência está em evolu-
ção nos EUA e tudo indica que em breve che-
gará para o plantio e colheita de hortifrútis,
aqui no Brasil principalmente nas regiões em
torno das grandes metrópoles, onde os cus-
tos estão subindo cada vez mais com a mão
de obra, a qual inclusive está mais amparada
pelas várias “regalias” trabalhistas!!!
A
Agrobot
custa no momento
de
US$ 100 mil
mas já está em
desenvolvimento um protótipo bem
maior e mais barato.”
O
Agrobot
, inventado por Juan Bravo, pronto para colher os
morangos numa plantação no Estado da Califórnia (EUA).
O engenheiro Juan
Bravo, manobrando
o seu
Agrobot.
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A
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