Estimativas indicamque 30% dos
turistas que vem a Amsterdã, acabam
indo aos
coffee shops
, e a estada
dessas pessoas na cidade acaba
injetando na economia US$ 1,8 bilhão
ao longo do ano.
Superlotados, esses
coffee shops
se pa-
recem cada vez mais com mercadinhos es-
pecializados na venda de “erva” e produtos
relacionados à maconha.
Deve-se recordar entretanto que, apesar
de Amsterdã ter conquistado a fama de “ci-
dade que respira um ar de liberdade e tole-
rância”, nos últimos 10 anos quase metade
dos seus 350 célebres cafés – onde holan-
deses e estrangeiros podiam comprar maco-
nha – foram fechados. Inclusive, em 31 de
dezembro de 2016, foi a vez de o
Mellow Ye-
llow
– um bar fundado em 1967, que logo se
transformou num símbolo da cultura liberal
dos holandeses – ter suas portas baixadas
Ao ordenar o fechamento do
Mellow
Yellow
, a prefeitura alegou a existência de
uma escola a menos de 250 m de distân-
cia. Esse argumento foi aceito pela justiça,
entretanto, continua sendo contestado
pelo seu proprietário, Johnny Petram, que
explicou: “A justificativa da prefeitura é to-
talmente infundada, porque a escola à qual
ela se referiu é, na realidade, uma acade-
mia para cabeleireiros, com alunos maiores
de 18 anos. Tenho a minha suspeita de que
é o próprio governo holandês que quer se
apropriar do negócio de vender maconha.
Aliás, o governo sabe que no que se refe-
re à produção da maconha – hoje iliegal e
sob o controle de mafias internacionais –,
só no país há um mercado de mais de € 1
bilhão!!! Mas a situação dos
coffee shops
sempre foi difícil e o risco de fechamento
sempre existiu. As leis relativas ao consu-
mo de maconha estão estabelecidas, mas
quando se administra uma cafeteria que
pode receber a erva, você acaba inclinado
a infringir as leis o tempo todo…”
Após as eleições de março de 2017,
notou-se que os três maiores partidos da
Holanda se revelaram a favor da limitação
progressiva dos
coffee shops
, e isso deve
acontecer para que se reduza o turismo in-
ternacional associado ao consumo da erva.
Segundo Joachim Helms, presidente
da União dos Revendedores de Cannabis,
um sindicato que representa mais de 100
proprietários de
coffee shops
holandeses:
“A legalização da produção da maconha
colocaria um fim a 50 anos de contradição
na política pública sobre o tema. É o culti-
vo ilegal que abre as portas para o tráfico
internacional de drogas, tácito e tolerado
pelo Estado. Essa contradição entre
poder
consumir
, mas
não poder produzir
, não
pode mais continuar!!!” Vale lembrar que
Joachim Helms é proprietário de quarto ca-
feterias desse tipo chamadas Green House
(muito frequentadas pelo público brasileiro
que viaja para Amsterdã).
Não se pode deixar de destacar que
uma significativa parte da população está
se levantando contra as iniciativas da pre-
feitura de Amsterdã no que se refere ao
fechamento dos
coffee shops
. Também
a posição do comércio
underground
(“às
escondidas”) é contra a “Disneyficação” da
cidade (a vinda somente de turistas muito
“certinhos”). Para os mais resistentes, a Ho-
landa e a sua capital são sinônimos de uma
cultura liberal em assuntos sociais, mas
tudo isso está sendo abalado pelos parti-
dos muito conservadores e por empresá-
rios gananciosos!!!
Estimativas indicam que 30% dos turis-
tas que vem a Amsterdã, acabam indo aos
coffee shops
, e a estada dessas pessoas na
cidade acaba injetando na economia US$
1,8 bilhão ao longo do ano.
O fato é que
ninguém vai querer abrir mão dessa quan-
tia, não é mesmo?
Mellow Yellow
, um
dos
coffee-shops
que teve que fechar
as portas por estar
perto de uma escola.
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