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está repleta de croquis e desenhos do pro-

fissional, além de 11 projetos arquitetôni-

cos (nove dos quais jamais saíram do pa-

pel). Há também alguns desenhos do pai

do famoso arquiteto, que chegou inclusive

a propor a construção de um canal que li-

gasse as bacias Amazônica e Platina.

Vale ressaltar que todos esses projetos

– que em sua maioria não despertaram

qualquer interesse por parte dos governan-

tes (todos temerosos em viabilizar projetos

visionários) – só haviam sido exibidos ante-

riormente em 2000, na Bienal de Veneza.

O mais interessante é que praticamente

todos os itens da mostra tem como tema

comum a água, sempre presente na imagi-

nação do arquiteto.

Nascido em Vitória (no estado do Espíri-

to Santo), uma cidade portuária, e filho de

um engenheiro atuante na área de recursos

hídricos, Paulo Mendes da Rocha sempre

usou o porto como ponto de partida, o que

explica a presença de projetos nas baías de

Vitória (de 1993) e de Montevidéu (1998).

Assim, mesmo na aridez de uma metrópole

como São Paulo, seus projetos sempre têm

a água como elemento essencial.

É o caso do projeto da praça da Repú-

blica no centro de São Paulo, que previa a

instalação de uma piscina pública suspensa

e uma praia urbana sustentada por pilares.

O único projeto concluído, entre os 11

expostos, é o do Sesc 24 de Maio. E de fato,

com sua gigantesca piscina no topo do edi-

fício, ele parece estar lavando a alma dete-

riorada de todo o centro da capital paulis-

tana!?!?

Guilherme Wisnik, comentando a mos-

tra, detalhou: “Os projetos de Paulo Men-

des da Rocha sempre foram de grande

escala, mas não se pode dizer que sejam

utópicos ou delirantes. Ele é o que se pode

chamar de um verdadeiro

visionário

avant

la lettre

(‘antes do seu tempo’). Seus proje-

tos não perderam a validade e estão real-

mente à frente do seu tempo. O do porto

fluvial nas águas do rio Tietê já discutia eco-

logia e sustentabilidade na década de 1980,

quando pouco ou nem se falava disso.”

Já o próprio arquiteto Paulo Mendes

da Rocha atestou: “A fantasia é muito esti-

mulante para a existência das pessoas, em

especial dos arquitetos. E para mim a arqui-

tetura é a parte literária, o conteúdo lírico

e poético da engenharia. Nela tudo vai do

indizível ao gracioso!!!”

Ocupação Paulo Mendes

da Rocha

, exposição que

marca os 90 anos de vida

do arquiteto e urbanista,

no Itaú Cultural, na

avenida Paulista, região

central de São Paulo.

Rovena Rosa/Agência Brasil

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