SUSTENTABILIDADE
Tudo que parece ser totalmente limpo
tem o seu aspecto sujo.
Aí vão três exemplos:
↘
01.
Derrubar um campo de futebol de
floresta equivale a emitir 500 toneladas de
CO
2
.
Porém,
reflorestar
esse mesmo terreno
para produzir madeira e papel
limpa a at-
mosfera
.
A lógica é simples: ao crescer, a árvore
absorve CO
2
, fazendo o famoso sequestro
de carbono, que é armazenado na celulose
usada para a produção de papel.
No Brasil, a indústria de celulose emite
cerca de 25 milhões de toneladas de CO
2
,
mas as florestas plantadas de pinus e euca-
lipto sequestram 68 milhões de toneladas
de CO
2
, ou seja, essa conta dá superávit –
a
plantação limpa mais do que polui.
Tudo graças a um detalhe: enquanto
cresce, uma floresta capta muito mais CO
2
do que quando chega a maturidade.
Sendo assim, em termos de limpeza do
carbono, é até melhor derrubar e plantar
uma floresta nova do que deixar uma sem-
pre em pé.
Além disso, a indústria do papel garan-
te que sempre exista uma cobertura de
árvores em seus terrenos – afinal, mesmo
quando um lote de floresta é cortado para
produzir papel, há outro que está de pé (e
respirando).
E o melhor, para conhecimento dos brasi-
leiros, é que o papel utilizado no Brasil não
vem do desmatamento do mogno da Ama-
zônia, mas do corte de pinus e eucalipto
de florestas plantadas no sul e sudeste do
País, como a que tem a Sobloco no municí-
pio de São Carlos (SP).
↘
02.
O caso do
biodiesel,
produzido a par-
tir do etanol e do óleo, é outro exemplo.
Apesar de ser um combustível menos
poluente, sua produção ocupa uma grande
área que poderia ser usada para plantar ali-
mentos.
Por exemplo, nos Estados Unidos da
América (EUA), cerca de
25%
da produção
de
milho
vira
etanol
!
O economista Paul Krugman, ganhador
do prêmio Nobel, chegou a chamar o eta-
nol de “demônio” por ter contribuído na alta
dos preços dos alimentos.
Podemos pensar a mesma coisa da
cana-de-açúcar, da qual vem o etanol bra-
sileiro. A área em que a planta é cultivada
poderia ter sido melhor usada para se ter
mais trigo, feijão ou até soja, não é?
E se os milhões de toneladas de gordu-
ra animal obtidos em abatedouros todo ano
fossem usados como combustível?
O problema é que esse sebo ou gordura
de melhor qualidade é comprado pela indús-
tria, particularmente pela farmacêutica, pa-
gando bem mais e o que iria para o biodie-
sel teria muitas impurezas e elevada acidez.
↘
03.
Por último, é possível citar os
plásti-
cos biodegradáveis
que, na sua decompo-
sição, liberam o metano, gás com potencial
de aquecimento global 20 vezes maior do
que o CO
2
.
Dessa maneira, se esse plástico for pa-
rar num lixão, o metano iria direto para a at-
mosfera como, aliás, é o que muitas vezes
acontece no Brasil.
Mesmo se as sacolas biodegradáveis
forem para os aterros sanitários, o metano
pode acabar no ar.
Nos aterros, o lixo é coberto por terra
todos os dias, mas os coletores de metano
só são instalados quando setores inteiros
dos aterros estiverem lotados.
Ou seja, a instalação dos coletores é pos-
terior à decomposição do plástico – processo
que, dependendo da temperatura e da umi-
dade, pode começar em algumas semanas.
Infelizmente, quando se fala em
susten-
tabilidade
não há soluções totalmente lim-
pas e até mesmo as ações que permitem
salvar o ambiente não são tão milagrosas
assim!
Claro que o que se deve buscar é minimi-
zar a poluição.
No século XXI, está cada vez mais evi-
dente que a sustentabilidade não é apenas
um dos caminhos para o desenvolvimento
econômico, e sim o
único
!
Não há alternativa.
A eficiência, a reciclagem, a reutilização
e o respeito pelo planeta são a única saída
para que se possa impulsionar o desenvol-
vimento sustentável.
E quem vive na Riviera de São Louren-
ço – mesmo que apenas durante uma parte
da semana – aprende rapidamente como
se deve proceder para viver num mundo em
crescimento verde
!
46
C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A