Como criar leitores no século XXI
No dia 18 de abril, comemora-se no Brasil o Dia Nacional do Livro Infantil, porque é o dia em que nasceu Monteiro Lobato, o autor que criou e nos deu de presente o mundo do Sítio do Picapau Amarelo, com a boneca de pano mais espevitada que alguém poderia conhecer, a Emília.
Monteiro Lobato sabia que um leitor se cria desde a tenra infância. E daí para frente, ele nunca mais abandonará seu amigo livro!!!
O empresário e desenhista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica explicou: “Meu caminho até que eu virasse um contador de histórias passou pela leitura dos livros de Monteiro Lobato.
Meus pais, poetas e sempre valorizando a leitura, começaram a me alimentar de revistas em quadrinhos pelas quais fui me alfabetizando, tanto nas letras como nas cores e nos traços.
Algum tempo depois não bastavam os quadrinhos e eu virei um leitor voraz chegando a ler um livro por dia de tanto que a leitura me atraiu. Hoje sei que esse processo está ainda em ação para muitas crianças se bem que algumas coisas mudaram bastante….
O mundo vem se tornando cada dia mais visual, principalmente graças aos diversos dispositivos eletrônicos (smartphones, tablets, iPads etc).
Dessa maneira, para que crianças ainda se interessem pela leitura, é preciso cativá-las com uma boa dose de visual. A linguagem dos quadrinhos tem essa mágica.
O gosto de ler sobre o papel se torna uma experiência inédita e única. O que se imprime é mais nobre do que as leituras vindas das nuvens para uma tela digital.
Existem estudos acadêmicos que comprovam que os alunos que leem histórias em quadrinhos (HQs) têm melhor desempenho escolar do que os que se atêm somente ao livro didático. A concentração dos que leem HQs é maior pois o envolvimento deles também é maior.
Um jovem tem vários equipamentos eletrônicos funcionando ao mesmo tempo ao seu redor, como o celular, o computador, o aparelho de som e a televisão.
Quando se está lendo, o máximo de interferência seria um som. Talvez nem isso.
Após décadas de criação de HQs cheguei a conclusão que elas são uma são uma cartilha não oficial para alfabetizar milhões de crianças, criando leitores para todo o tipo de leitura.
Quando fui convidado para integrar a Academia Paulista de Letras, em 2011 – algo inédito no mundo por se tratar de um autor de HQs –, percebi que a base dos autores de HQs sempre foi a literatura e que a literatura também bebe nas criações dos quadrinhos.
Hoje inclusive já existem muitas adaptações de grandes obras literárias através da arte dos HQs, com o que se consegue estimular os jovens para conhecerem os autores das mesmas.
Nesses 55 anos de publicações e mantendo um grande público cada vez mais exigente, posso garantir que – não por acaso – HQs é o gênero que sobreviveu desde as primeiras sequências desenhadas nas cavernas, no início da história da humanidade, até as mais modernas tecnologias dos dias de hoje, como uma linguagem atemporal e definitiva.”
Engenheiro, mestre em estatística, professor, autor de dezenas de livros, gestor educacional, palestrante e consultor. Editor chefe da Revista Criática.