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Hamilton: o novo grande sucesso da Broadway!!!


Nada indicava, a princípio, que o musical de hip-hop [movimento cultural da juventude pobre de algumas das grandes cidades norte-americanas que se manifestou em formas artísticas variadas (dança, rap, grafites etc.)] sobre um dos pais fundadores dos Estados Unidos da América (EUA), Alexander Hamilton (1755 – 1804) fosse ser um sucesso estrondoso.

No entanto, desde que estreou, em julho de 2015, a criação de Lin-Manuel Miranda tornou-se um dos espetáculos mais concorridos da Broadway, em Nova York. Em junho de 2016, o musical conquistou 11 Tony Awards, o Oscar da dramaturgia norte-americana. A primeira-dama Michelle Obama, maravilhada, ressaltou: “É a melhor obra de arte que eu já vi na vida.” Muitos até acreditam que foi graças ao sucesso do musical que o Tesouro dos EUA resolveu manter Alexander Hamilton na cédula de dez dólares!!!

Hamilton mostra que, apesar de as pessoas raramente verem na Broadway uma indústria bilionária como Hollywood, os musicais de maior bilheteria às vezes faturam mais que as películas exibidas na tela grande e depois na TV e em outros meios. Nunca um filme embolsou US$ 1 bilhão nas salas de cinema apenas nos EUA e Canadá; entretanto, três musicais – O Fantasma da Ópera, O Rei Leão e Wicked – superaram essa marca nos teatros da Broadway, ainda que em temporadas que se estenderam por muitos anos… E a Broadway deixa Hollywood na poeira quando são computadas as montagens transplantadas para os palcos de outras cidades do mundo. Por exemplo, O Fantasma da Ópera, de Andrew Lloyd Webber, estreou no West End londrino em 1986, antes de se transferir para Nova York e, posteriormente, cair na estrada. A produção rendeu US$ 6 bilhões em todo o mundo, mais que o dobro do faturamento mundial de Avatar, recorde de bilheteria da indústria cinematográfica.”

Tudo indica que Hamilton tem condição de entrar nesse clube dos musicais que geraram rendas bilionárias, pois 12 meses após a estreia já rendeu cerca de US$ 90 milhões, com uma bilheteria semanal média de US$ 1,7 milhão. Assim, o musical tem tudo para romper a barreira do US$ 1 bilhão em pouco mais de dez anos!!!

À primeira vista, é um pouco difícil compreender como o teatro consegue competir com as economias de escala do cinema. Os filmes podem rapidamente ser vistos por um contingente muito maior de pessoas, pois as grandes salas de teatro da Broadway comportam menos de 2 mil espectadores por noite e em muitas outras cidades grandes como Londres, Berlim, Sydney, São Paulo, Rio de Janeiro, elas são menores ainda.

No entanto, como sempre acontece em se tratando de um produto escasso, os preços dos ingressos ao teatro são salgados, não sendo incomum as pessoas pagarem US$ 100 por duas horas de entretenimento na Broadway, ou cerca de cinco vezes o valor de um ingresso de cinema. E os espetáculos de maior sucesso ficam por muito tempo e até agora uma semana de apresentação de

O Fantasma da Ópera, em Nova York, ainda rende mais de US$ 1 milhão.

O que não se pode esquecer é que o teatro é um negócio arriscado. Na Broadway, por exemplo, apenas uma em cada cinco produções dá lucro (!!!), e os musicais, embora geralmente sejam muito mais lucrativos que as peças tradicionais, têm sorte quando conseguem ficar seis meses em cartaz. Dessa forma, até produções de sucesso se veem obrigadas a encerrar a temporada quando, após algumas semanas ruins, o dinheiro fica curto. Isso faz com que investir na Broadway seja uma loteria.

E o que os interessados em financiar novos espetáculos, impulsionadores da economia criativa, podem aprender com os maiores sucessos e fracassos da Broadway?

Existem hoje informações bastante detalhadas para que se possa ter alguns ensinamentos e tirar certas conclusões. Desde 1984, a Broadway League, uma associação que reúne os proprietários de teatros, empresários e produtores, publica semanalmente dados referentes a bilheteria e público de todos os espetáculos em cartaz. A mais renomada revista do mundo sobre os mais variados temas políticos, sociais e econômicos, a The Economist, analisou esses dados segundo algumas variáveis, como gênero da produção, tamanho do elenco, recepção da crítica e popularidade dos atores, a fim de calcular a probabilidade de que, numa dada semana, uma produção esgote os ingressos!!!

Levando em conta o que se sabia sobre Hamilton quando o musical entrou em cartaz, suas chances não eram muito promissoras. Duas estratégias parecem relativamente confiáveis para o investidor que queira triunfar na Broadway. Uma delas é levar para o palco um filme de sucesso. É o caso de Rei Leão, que está dando lucro a seus produtores desde 1997. Em média, os musicais baseados em filmes geram US$ 145 mil a mais que as outras na semana de estreia. Porém, não se pode esquecer que Hamilton se baseia numa biografia de um livro de 832 páginas!!!

Uma segunda estratégia certeira é incluir no elenco umaestrela ou um astro do cinema. Assim, em 2013, os ingressos para a temporada de três meses de Lucky Guy, com Tom Hanks, esgotaram-se rapidamente. James Ulmer, um respeitado analista da indústria do entretenimento, elaborou um índice que classifica os artistas de Hollywood de acordo com sua “rentabilidade”. Usando seus dados e fórmulas, é possível estimar o potencial de retorno financeiro dos elencos de cada um dos espetáculos da Broadway. Assim, segundo ele, a presença de um ator conhecido eleva de 0,29 para 0,59 a probabilidade de que os ingressos para a primeira semana de um espetáculo se esgotem!!! Já com um astro de primeira grandeza, as chances de se ter uma casa cheia chegam a 0,92.

Porém, algo estranho ocorreu no caso de Hamilton, pois no seu elenco não há grandes estrelas. No entanto, foi produzido por um multiartista de sucesso. O musical do ator, compositor, rapper e escritor Lin-Manuel Miranda, In the Heights, conquistou quatro Tony Awards e faturou mais de US$ 100 milhões. Mas as chances de que roteiristas e compositores repitam seus triunfos pregressos não são significativas. Inclusive os nomes que estiveram por trás dos maiores hits da Broadway têm dificuldades para reeditar glórias passadas. Esse é o caso de Escola de Rock, do famoso Andrew Lloyd Webber, que estreou em dezembro de 2015 e em julho de 2016 se apresentava para plateias com lotação pouco superior a 85%.

Bem, usando as recomendações de James Ulmer, o que se poderia dizer de Hamilton é que teria um desempenho apenas razoável. Mas Hamilton foi uma grande e lucrativa surpresa. E o retorno que tem gerado só não é maior por conta do hábito do meio teatral de não cobrar preços muito altos, os quais ficam altos quando a demanda é superior à oferta e entram em ação os cambistas!!!

Em 9 de junho de 2016, para acabar com a “farra dos cambistas”, Jeffrey Seller, produtor do musical Hamilton, elevou o preço dos ingressos premium para US$ 849, e passou a cobrar pouco menos de US$ 200 pela maioria dos lugares!!! Por incrível que pareça, Hamilton rompeu pela primeira vez a barreira dos US$ 2 milhões semanais. Aliás, o produtor até calculou que o musical poderia quintuplicar a receita proveniente da bilheteria se cobrasse os preços que o mercado tem efetivamente condição de pagar. Tal atitude, sem dúvida, fortaleceria a economia do setor teatral, assim como Alexander Hamilton, que foi o primeiro secretário do Tesouro norte-americano, ajudou a solidificar o sistema financeiro país. Dessa maneira, com o caminho para lucros mais polpudos pavimentado, seria possível produzir um número maior de espetáculos, aumentando as chances de novos sucessos hamiltonianos.

 

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