Na Itália, museus geram grandes receitas!
Ocorreu algo inédito na Itália ao se nomear para o posto de diretor da Galeria Uffizi um estrangeiro, o alemão Eike Schmidt, um historiador de arte. A galeria Uffizi fica em Florença, sendo o mais popular da Itália, famoso por ter no seu acervo tesouros magníficos de Botticelli e Rafael, entre outros.
Ao assumir o cargo em 2015, ele percebeu que tinha muitos problemas para resolver, como gerar mais renda e melhorar a experiência dos visitantes, o que incluía melhorar o caótico sistema de compra de ingressos para entrar no mesmo.
Em 2015, a Uffizi, o palácio Pitti e os jardins de Boboli se transformaram em uma única entidade que foi visitada por cerca de 3,4 milhões de pessoas, o que resultou em 17,3 milhões de euros em vendas de ingressos, tornando, com isso, o museu mais rentável da Itália. No Brasil não temos nenhum museu com essa visitação anual e tão pouco com essa receita. O objetivo de Schmidt é melhorar o fluxo do museu, fazer uma boa reforma, agilizar um organograma de exposições caótico, criar um programa sério de bolsas de estudo e descobrir formas mais atraentes e inovadoras para expor do seu acervo as mais de 12 mil pinturas, 3,5 mil esculturas antigas e 180 mil desenhos e gravuras, incluindo trabalhos latino-americanos reunidos ao longo dos séculos, entretanto, raramente mostrados.
Eike Schmidt, que antes estava trabalhando no Instituto de Arte de Minneapolis, no Estado de Minnesota, nos Estados Unidos da América (EUA), foi contratado como parte da reforma radical que deu a vinte instituições italianas maior autonomia em relação ao Ministério da Cultura, que é quem as mantêm.
No que foi considerada uma atitude ousada, o ministério permitiu que, pela primeira vez, candidatos internacionais pudessem ser contratados e assim é que vieram sete gestores estrangeiros. No caso de Eike Schmidt, pesou muito para a sua contratação o fato de ele ser um estudioso da coleção Médici, que forma a base da Uffizi, e já ter morado antes em Florença.
A intenção dessa reformulação dos gestores no comando dos “supermuseus” italianos foi uma ideia do seu ministro da Cultura, Dario Franceschini, que a implementou e certamente com isso trouxe novos talentos para administrá-los, incluindo aí Capodimonte de Nápoles, a Pinacoteca di Brera de Milão e a Accademia de Veneza. Aos novos gestores o ministro deu mais autonomia no controle de seus orçamentos, na elaboração das mostras, na prestação de serviços como a exploração de cafés e livrarias, tudo isso num momento em que a economia italiana está bem estagnada.
O ministro Dario Franceschini declarou:
Estou muito satisfeito com a maneira com que as reformas e mudanças estão sendo implantadas pelos novos gestores, apesar de que alguns têm se queixado da forte resistência às mesmas. Mas se forem reais, é porque estão desagradando os que estavam inertes e ineficientes. Tenho plena convicção que os museus italianos serão mais atraentes do que antes, apresentando melhores serviços e aumentando as suas receitas devido ao maior número de visitantes.
Conteúdo produzido pela redação da revista Criática.