Não contem com o fim do livro!
Não Contem com o Fim do Livro é o titulo de uma obra escrita pelo roteirista Jean-Claude Carriére com o também escritor Umberto Eco (1932-2016).
Certa vez, em um debate entre eles, Umberto Eco ressaltou: “Não há nenhuma invenção mais perfeita que o livro; ele é semelhante à roda ou à colher”.
Os dados da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, ano-base 2017, revelaram que as editoras brasileiras produziram 293 milhões de exemplares, venderam 355 milhões e faturaram R$ 5,16 bilhões. As livrarias seguem como o principal canal de vendas para essas editoras, com 118,09 milhões de exemplares comercializados.
Essa pesquisa também indicou que em 2017 foram editados 48.880 títulos, dos quais cerca de 16,1 mil corresponderam a lançamentos. As biografias tiveram um crescimento de 11% no número de exemplares vendidos, em comparação com 2016, o que corresponde a 5,71 milhões de livros no total. Porém, em 2017 houve um decréscimo real no faturamento do setor editorial brasileiro, considerando a queda nas vendas de livros para o governo e ao mercado Note-se que 45% dos livros editados no País são didáticos, sendo a maioria deles comprados pelo governo.
Vale lembrar que todos esses dados se referem apenas a livros físicos, pois os digitais têm a sua própria pesquisa. Estima-se, entretanto, que em 2017 eles não tenham representado mais do que 1,2% do faturamento das editoras nacionais. As livrarias exclusivamente virtuais (como é o caso da Amazon) chegaram a uma participação de 2,9% do total de livros vendidos, com um crescimento de 17% em relação a 2016.
Aliás, a própria Amazon – que costuma ser acusada de atuar como “exterminadora de livrarias” [apesar de que nos Estados Unidos da América (EUA) ela já possui livrarias físicas…] – já está sentindo que os e-books apresentam uma tendência de queda. Segundo a gigante, o livro digital se estabeleceu como um “canal alternativo” de leitura, mas está longe de ser o principal. Ou seja, na linguagem popular do mercado pode-se dizer que “ele não decolou”!
Aliás, esse possível abandono do livro digital talvez se deva ao que a própria Amazon divulgou recentemente, ou seja, que conhecia quais eram as frases mais “sublinhadas” pelos leitores na sua plataforma Kindle, ou seja, o seu e-reader) ao longo dos últimos cinco anos. Ou seja, todo aquele que leu um livro nesse dispositivo permitiu que outras pessoas ficassem sabendo quase tudo sobre si mesmo!?!?
É daí que se percebe que, nos dias de hoje, a grande vantagem do livro em papel não está em sua portabilidade, duração ou autonomia, tampouco em sua relação íntima com nossos processos de memória e aprendizagem. O grande diferencial é a sua permanente desconexão. Quando alguém lê um livro de papel a energia e os dados emitidos pelos seus olhos e pelos seus dedos são somente seus!!! Ninguém pode tomar essa experiência de você, nem analisá-la: ela é apenas sua!!!
Imagine que você esteja lendo o livro Coluna de Fogo, escrito por Ken Follet – que com todos os livros vendidos (170 milhões de unidades) já se tornou um milionário, graças aos direitos autorais recebidos – e alguém descubra exatamente o que você pensa sobre a liberdade de seguir ou não uma religião!?!? Aliás, sobre esse assunto, o próprio Ken Follet explicou: “As pessoas pensam que Coluna de Fogo é um livro sobre religião, mas não é!!! É sobre direitos humanos, sobre a nossa primeira batalha pela liberdade – a de seguir ou não uma religião.”
Recorde-se que Ken Follet nasceu numa família extremamente religiosa, se tornou ateu, mas ficou fascinado pelas igrejas e por sua música. Ele começou a sua carreira de escritor com thrillers (narrativas envolvendo aventuras e emoção), simplesmente porque gostava do gênero, mas logo percebeu que o que lhe interessava mesmo era criar missões importantes para seus espiões. Ele sempre quis que seus personagens fossem atrás de informações que pudessem mudar o curso de uma batalha ou de uma guerra!!! Suas histórias sempre têm um final feliz, pois ele adora finais felizes…
Bem, considerando o que foi visto sobre os livros físicos e digitais, parece que as pessoas passaram a valorizar um pouco mais sua privacidade e já não querem permitir a própria “datificação”, não é mesmo? Assim, não deixe de ler Coluna de Fogo em papel. Dessa forma, ninguém ficará bisbilhotando para saber se você é um ardoroso católico, um fervoroso protestante ou um ateu convicto!
Conteúdo produzido pela redação da revista Criática.