O morno Cinquenta Tons de Cinza
E não poderia ter sido diferente.
O livro pornô soft Cinquenta Tons de Cinza chegou aos nossos cinemas procedido por uma história de marketing monumental, mas decepcionou boa parte do público, pois mostrou-se muito contido.
Apesar de ter 16 min de sexo dos 125 minutos do filme (12,8%), não se compara em nada ao filme O Império dos Sentidos, um caso de amor obsessivo entre uma ex-prostituta e seu patrão, no qual se mostraram 38 min de cenas de sexo para um filme com 98 min de duração.
A diretora do filme, a fotógrafa e artista plástica Sam Taylor-Johnson, fez diversas alterações despudoradas no best-seller Cinquenta Tons de Cinza – um livro de E.L. James que vendeu mais de 100 milhões no mundo e, no Brasil, 5 milhões, contando-se a trilogia completa que inclui também Cinquenta Tons Mais Escuros e Cinquenta Tons de Liberdade.
De um lado, essas mudanças resultaram em diálogos mais enxutos e numa trama mais ágil. De outro, o roteiro emasculou o chicotinho do protagonista, o tal bilionário priápico Christian Grey (interpretado pelo ator Jamie Dornan e que não é bem um tipo de macho viril), o qual não acaba machucando ninguém.
Por sua vez a “heroína”, a jovem estudante Anastasia Steele, interpretada pela atriz Dakota Johnson, é igualmente uma escrava sexual que não anima ninguém, pois o único recurso dramático que usa para nos convencer de que está sedenta de amor é morder o lábio inferior.
Para muitos expectadores, Cinquenta Tons de Cinza foi um desencontro total, um sadomasoquismo sem gosto. Algo como um bombom sem cacau ou até um café descafeinado, ou ainda uma história de envolvimento sexual que dificilmente vai despertar a imaginação de uma dupla…
Por outro lado, no Brasil, já temos uma Associação Brasileira de mercado Erótico e o filme vai incrementar ainda mais a venda de produtos dos sex shops, que já apresentou um crescimento de 35%, desde que a trilogia de E. L. James chegou às livrarias.
O que você acha, E. L. James, com os seus livros, abriu a mente de muitas mulheres?
Não esqueça que o nosso cérebro é uma incansável máquina de classificar, e está o tempo todo tentando categorizar automaticamente tudo o que se vê pela frente:
➞ É bom ou mau, claro ou escuro, bonito ou feio, pequeno ou grande?
➞ Qual é a cor adequada?
➞ De que espécie é essa pessoa?
➞ Para que serve esse tipo de comportamento?
E assim por diante.
Quando encontramos algo que não é facilmente classificável, ou que por algum motivo fica no limiar entre uma ou mais categorias, ficamos intrigados!!! Você ficou intrigado(a)?
Engenheiro, mestre em estatística, professor, autor de dezenas de livros, gestor educacional, palestrante e consultor. Editor chefe da Revista Criática.