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Um panorama crítico sobre o Custo Brasil


Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial e membro dos conselhos editoriais da  DVS Editora e da Revista Criática.

Caros leitores, enquanto o nosso santo Joaquim tenta colocar ordem na casa e arrumar as trapalhadas e pedaladas do passado, enfrentando não somente a oposição e a OPOSIÇÃO que vem da própria “base aliada”, mas o chiclete ideológico presente na mente de alguns expoentes do próprio governo que o apoia, do lado de cá vamos cada vez mais nos acomodando com esse hospedeiro grudento nominado “Custo Brasil”. Cada vez mais complexo e carregado de novos elementos, que vão da complacência e mansidão de importantes setores empresariais à preguiça estatal de sempre, este se infiltra na nossa cultura de tal forma, que como observamos nem mesmo os mais pesados processos de ajuste econômico ousam incomodá-lo (timidez que obviamente não se observa na elevação da carga tributária, naturalmente).

O mais assustador não é a sua tenaz permanência, mas o quanto a abordagem sobre sua existência vem sumindo gradualmente do debate econômico e produtivo. Parece até que há um temor em apontar as causas de nossa ineficiência. Constatamos a nossa improdutividade frente ao mundo desenvolvido e em desenvolvimento, vivenciamos a alardeamos os resultados trágicos que tudo isso nos traz, mas na hora de bater pesado nas causas, contemporizamos.

Então, sem temor, dó e nem piedade, abordo desta vez o tema que reputo como um dos mais complexos, espinhosos e ariscados do universo econômico brasileiro. Um verdadeiro Triângulo das Bermudas para articulistas que como eu, estão sempre correndo o risco de, induzidos pelas generalidades reinantes, cair no barranco das platitudes e obviedades tão comuns em algumas narrativas ditas “especializadas”.

Coloco desta forma, pois o Custo Brasil é um hospedeiro tão antigo e conhecido que de indesejável vem se transformando em figura quase folclórica, daquelas que com o tempo não podem mais deixar de existir, pois alimentam o riso (deprimente) do dia-a-dia, e porque não, eventualmente ajuda a explicar ineficiências inexplicáveis.

Mas antes de nos aprofundarmos, e já conhecedor do tom crítico com que colocarei as próximas linhas, faço aqui a ressalva às exceções de toda ordem, tanto no universo público/institucional como no privado, onde se observa o culto da eficiência, o apego à boa gestão, o triunfo da capacidade e do mérito. Não se trata de firulas, mas de justiça.

Contudo, deixando de lado as exceções, convido a dirigirmos atenção ao que não dá certo neste amado Brasil varonil. E inicio com uma importante calibragem do senso comum.

O ponto central é que o costumeiro olhar sobre o Custo Brasil onde se enxerga a escassez de infraestrutura, o complexo e avassalador modelo tributário, o déficit educacional com impacto direto na falta de mão de obra especializada, a insegurança e desfuncionalidade do sistema jurídico e a aberrante burocracia como os únicos elementos da composição desse ser tão pouco estranho, invariavelmente nos traz um panorama incompleto, e por conta disso injusto.

Em resumo, existem outros componentes igualmente importantes, e que em alguns casos possuem um princípio ativo econômico com alta capacidade de potencialização dos elementos comumente citados. E por mais difícil que seja admitir, residem não no universo público e suas instituições (como também costumeiramente se coloca) mas no mundo privado, incluindo a sociedade como um todo e seu comportamento ativado por nossa raiz cultural.

Assim, é importante destacar, que a nossa atávica passividade, o nosso senso enraizado de não participação política/ institucional, o otimismo que ecoamos tão facilmente diante de um ou outro ano bom, juntamente com a fragilização crescente do senso crítico que nos faz alvo fácil de decepcionantes surpresas, muito contribuem para manter o hóspede a que nos referimos alimentado, e confortavelmente instalado.

A participação privada não para por ai. Na esfera microeconômica reside (ressalvadas as honrosas exceções) a insistente cultura da imprecisão, do não aprofundamento, do desapego com patamares essenciais de organização e eficiência, embalados por uma cultura de gestão que se infantiliza com o tempo, sempre pautada por modismos de última hora, com seus gurus tão imponentes quanto inoperantes.

Neste contexto, existe ainda o recente apego obsessivo ao politicamente correto corporativo, que dilui o senso de realidade e enfrentamento necessários para a sobrevivência empresarial. O caso típico da empresa que implementa um programa de responsabilidade socialmente responsável de primeira linha, mas ainda não foi capaz de se preparar para se submeter a uma auditoria de primeira linha. O velho teorema onde “parecer” ser é mais importante do que de fato, ser.

Convenhamos, um bobajal gerencial que não reconhece limites, que vai de caça talentos que recomendam aos seus clientes contratar para cargos de liderança pessoas que gostam de Rock, afirmando que o gosto ao gênero musical é indicativo da capacidade de liderança, ao “abraço corporativo” como forma de diluir tensões (que às vezes precisam existir), passando pela conclusão de que candidatos que se divertem frequentemente em joguinhos eletrônicos são dotados de maior capacidade para resolver problemas, só para citar os casos mais obscenos.

Já está mais do que na hora de conversarmos com o hóspede sobre seu despejo, mas antes da conversa, uma auto crítica vai muito bem.

Até o próximo.

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